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QUILTING

Você sabe de onde vem a tradição das colchas de cama feitas com várias camadas de tecido e que utilizam uma técnica chamada quilting?
O quilting é uma técnica de costura em que duas camadas de tecido, geralmente com uma camada interior isolante, são costuradas com várias linhas. Já foi usada para confeccionar roupas na China, Oriente Médio, Norte da África e nas áreas mais frias da Europa, mas agora está associada principalmente à manufatura de colchas e tapeçarias.




Amish de lã. Colcha menonita com padrão de diamantes. Cerca do ano de 1865 



A montagem de uma colcha de cama passava por várias etapas. Primeiro era criado um padrão ou desenho, em seguida eram feitos os blocos de tecido e depois de unidos eram aplicados sobre uma base também de tecido. Esse trabalho é conhecido como patchwork. Em seguida uma camada feita de lã, flanela, poliéster ou outro tecido quente era costurado entre a parte superior e a inferior da colcha. As três camadas eram amarradas ou fixadas juntas, e o design acolchoado era marcado na parte superior e costurado com pontos feitos à mão, na máquina de costura ou máquina de acolchoar comercial. Os desenhos da colcha podiam ser geométricos ou figurativos, e a qualidade da colcha dependia em grande parte da delicadeza da costura e da aplicação correta do projeto previamente desenhado.


Detalhe da colcha de retalhos, quadrado com padrão diamante.

Os primeiros quilts
De acordo com Robert Bishop e Jacqueline M. Atkins's - Folk Art in American Life (1995), o quilting "tornou-se conhecido na Europa durante as Cruzadas, quando se aprendeu que os turcos usavam tecidos acolchoados sob suas armaduras. No norte da Europa, onde o clima é freqüentemente severo esta técnica oferecia calor e proteção, e foi rapidamente utilizada na confecção de colchas e em peças do vestuário". Embora pequenos fragmentos de patchwork tenham sido encontrados em escavações de túmulos na Ásia e no Oriente Médio, as primeiras colchas existentes podem ser duas peças sicilianas do século 14 costuradas inteiras e cujas superfícies brancas são decoradas com trapunto (que é uma técnica italiana de quilting, criada antes do século 14 e que deixa alguns motivos em relevo. Esta técnica utiliza pelo menos duas camadas de enchimento na parte debaixo do trabalho para criar o efeito desejado. É também conhecido como quilting com cordão ou recheado. Uma dessas colchas faz parte da coleção do Victoria and Albert Museum em Londres, e a outra está no Museu de Escultura de Bargello em Usella, na Itália. Ambas apresentam cenas da lenda cavalheiresca de Tristão e Isolda. As cenas exibidas nessas peças indicam que faziam parte de uma embarcação bastante desenvolvida.

As fortes tradições do quilting na América do Norte, sem dúvida, chegaram com os primeiros imigrantes vindos da Holanda, França, Itália e Inglaterra. Apenas os americanos mais abastados podiam comprar roupas acolchoadas e roupas de cama grossas e quentes que chegavam em navios vindos da Índia. Americanos menos abastados faziam reparos em colchas e roupas reciclando e utilizando materiais nobres retirados de colchas antigas. 



A Era de Ouro dos Quilts Americanos

No início do século XIX, os tecidos de algodão de produção americana eram fabricados de forma econômica mas com uma grande variedade de padrões, ajudando a tornar as colchas mais acessíveis, embora muitos tecidos de lã, algodão e seda ainda fossem importados. As colchas deste período eram muitas vezes feitas no estilo medalhão, com uma variedade de bordas elaboradas em torno de um centro de patchwork.
Na década de 1840, surgiu um novo estilo: o Álbum Baltimore ou a Colcha da Amizade, composto por figuras florais e outras figuras elaboradas. Várias pessoas assinavam o álbum com a sua composição (patchwork) que depois seria costurada na colcha e dada como lembrança para o ministro de uma congregação, um casal de noivos, ou para um aniversariante que estava completando 21 anos. 




Buchanan's Banner, bordado, aplicado e colcha de algodão recheado, detalhe representando rosa de Sharon, flores de lótus e groselhas, de Gillie P. Wright e Margaret E. Wright, 1857; no Museu de Arte do Condado de Los Angeles.



As colchas continuaram populares, especialmente para o uso diário. Elas eram confeccionadas rapidamente, bloco a bloco, depois acolchoados quando o tempo e a oferta de materiais permitiam. Embora a filosofia do "não desperdício" fosse bem conhecida, muitas colchas também foram feitas a partir de compras planejadas de tecido. As colchas de seda eram uma escolha popular, especialmente o Mosaico, um precursor do 20th century’s Grandmother’s Flower Garden (feita em blocos de muitos (as vezes centenas) hexágonos pequenos, em tons pastel, repetindo cores, também conhecidas como colchas hexagonais, ou colchas de um remendo, já que apenas uma forma é usada em todo o projeto), e da colcha maluca que era feita utilizando remendos com formatos irregulares de tecidos com desenhos e cores diferentes.


Colcha Maluca

Grandmother´s Flower Garden

Com a invenção da máquina de costura na década de 1840 a costura doméstica mudou radicalmente. Graças ao plano de pagamento por entrega popularizado por I.M. Singer, muitos tiveram acesso a uma máquina de pedal que facilitava a costura agilizando o trabalho e deixando tempo para atividades mais elaboradas como os bordados e o quilting.
A Grande Depressão da década de 1930 popularizou a colcha feita com sacos de pano em que alimentos para animais, farinha e outros produtos básicos eram embalados. As embalagens eram produzidas com estampas alegres e bem variadas e as costureiras compartilhavam os padrões escolhidos em colunas semanais de jornais como as de Kansas City Star que chegou a mostrar mais de 1.000 projetos de 1921 a 1961. Ruby McKim, alcançou fama nacional criando padrões para produzir suas colchas. Outros designers do século XX incluíram Marie Webster, Anne Orr e Rose Kretsinger. Empresas como a Ladies Art Company, Aunt Martha e a Grandmother Clark ofereciam padrões, suprimentos e kits pré-fabricados ao público.


Colchas de Ruby Mckim

O renascimento das colchas
A década de 1970 marcou o renascimento das colchas, graças em parte ao interesse nostálgico no artesanato gerado pelo Bicentenário americano. Muitas vezes citado como uma grande influência, foi uma exposição de 1971, "Abstract Design in American Quilts", com curadoria de Jonathan Holstein e Gail van der Hoof no Museu Whitney de Arte Americana, em Nova York, que colchas vintage, muitos delas Amish- foram exibidas como arte moderna. "Colchas de arte" logo se juntaram ao vocabulário do quilter, tipificado pelo trabalho de Michael James, Jan Myers-Newbury, Nancy Crow e outros. Essas colchas, que escaparam às limitações práticas das colchas destinadas ao uso, foram exibidas em locais como a exposição bienal Quilt National, em Athens, Ohio.

“Birds of a Different Color,” by Caryl Bryer Fallert, 1999.

O interesse pelo quilting não se limita à América do Norte, Grã-Bretanha, França, Austrália, Nova Zelândia e Japão. Existem muitas comunidades de quilting pelo mundo. As colchas americanas são coletadas e copiadas em todo o mundo como arte popular e arte têxtil.                        
Fonte de pesquisa:Enciclopédia Britânica


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